Kenshis “Gaijins” (kenshis não orientais)

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Fala galera! Hoje começamos uma série nova: Kenshis “Gaijins”

O termo “GAIJIN” se refere a pessoas não japonesas, é muito comum ouvir esse termo e ele não necessariamente é pejorativo. Não se sinta ofendido, está tudo bem, de uma forma similar nós brasileiros nos referimos a “nâo brasileiros” como “Gringos”.

É muito comum ver pessoas não orientais despertarem bastante interesse na nossa cultura, seja ela chinesa, coreana ou japonesa, é muito comum também se sentir um peixe fora d´água sendo um Gaijin no meio da Japonesada! NORMAL!

Com intuito de desmistificar essa barreira entre orientais e não-orientais nessa série vamos falar sobre como é treinar Kendo e estar inserido no meio dessa arte marcial tão ORIENTAL. Atualmente tem muitos “Gaijins” praticando “O Caminho da Espada” hoje vamos conversar com um deles, o nome dele é Maurício César, ele pratica Kendo na Associação da Província de Kagawa (@kendo.kagawa no Instagram)  há 6 meses. Há pouco está começando a treinar com Bogu e hoje ele vai contar para gente como foi e está sendo essa experiência do ponto de vista de uma pessoa não-oriental.

O que te fez começar a treinar Kendo?

A motivação inicial, acredito que seja comum a outros kenshis, é a admiração pela cultura e história do Japão, em especial, pelo modo de vida dos samurais. Logo, o kendo para mim é uma maneira de estar mais próximo dessa cultura e estilo de vida que os samurais levavam. Existe um apelo muito forte visualmente falando, o conjunto de bogu, keiko gi e hakama é muito impactante de se ver, o kenshi deixa de ser uma pessoa, torna-se quase como uma entidade, é difícil alguém ver e não ficar impressionado, com certeza foi um dos fatores que me influenciou a começar a treinar.

Você pratica outros esportes ou atividades relacionadas a cultura oriental? Aonde?

Faço aulas de japonês e participo do grupo de jovens da Associação da Província de Kagawa no Brasil, onde dentre outras atividades, realizamos filantropias e eventos relacionados à província.

Como foi o primeiro dia de treino? Antes, durante e depois do treino.

Meu primeiro dia de treino foi bem marcante.

“Chegar no Dojo e ver todos de bogu completo, em um grande círculo com as shinais ao centro por si só já era uma cena de filme. Quando finalmente o treino começou, fiquei genuinamente assustado, até então não fazia idéia que soltar kiai (gritos) era uma prática usual do kendo, e somado ao som de dezenas de shinais se chocando simultâneamente, me fez sentir como se estivesse literalmente no meio de um campo de batalha, ficou muito gravado na minha mente essa lembrança.”

Após o treino veio o choque de realidade, que kendo é algo muito mais difícil do que achei que fosse, mesmo só tendo tido uma amostra da imensidão de fundamentos que envolvem um único golpe, pude perceber como demanda esforço e dedicação para se evoluir. E até o momento nada mudou nesse aspecto, cada treino eu busco dar o melhor de mim, porém a jornada não é fácil, e nem curta, mas vale cada golpe sofrido, cada gota de suor e cada bolha no pé (no começo são váaaarias). O kendo se tornou parte de mim.

Como foi a recepção no Dojo? Tinha outros Gaijins? Você se sentiu acolhido?

Eu fui extremamente bem recebido, na AKK, existe uma quantidade relativamente alta de gaijins, talvez por isso, o dojo tenha um jeito mais “brasileiro”, tanto na receptividade quanto no acolhimento aos novatos, e o ambiente em si é leve, nos treinos todos dão 100% de si, mas não existe aquela cobrança quase que militar. A amizade é o fator que prevalece. Todos os senseis e senpais estão ali querendo que você evolua, e te ajudam nisso em cada treino.

Como é a turma do Kendo? Vocês saem, fazem outras atividades juntos, além de treinar?

 “O kendo não é só o treino, a integração, convívio e respeito com os outros kenshis é parte integrante dos fundamentos do kendo”

Na AKK nós gostamos muito de nos reunir após os treinos, para conversar, dar risada e comer. Várias vezes quando nos damos conta já são mais de duas da manhã em plena terça feira!

O kendo trouxe alguma mudança na sua vida? Se sim, quais?

“O kendo mudou minha forma de encarar os problemas, assim como numa luta, é necessário avaliar seu oponente, entender seu estilo de luta e se adaptar a ele. ”

Logicamente ainda estou muito longe de dominar estes conceitos no kendo, mas busco adaptá-los na minha vida. A paciência é um elemento que o kendo está me ensinando pouco a pouco. Quando comecei a treinar, pensei que em alguns meses pensei que já estaria bom e lutando. A realidade é outra, é necessário muito tempo para melhorar um único fundamento, dos vários necessários para se efetuar um golpe.

Aplicando isso na vida, consigo ser menos imediatista, e compreender que as coisas levam tempo, não acontecem do dia para a noite, como muitas vezes queremos que aconteça.”

Você acha que “O Caminho da Espada” auxilia na superação das dificuldades do seu dia a dia?

 Com certeza, hoje mesmo sendo um esporte, o Kendo traz consigo fundamentos que auxiliam você em diversas etapas da sua vida. Ensina a como avaliar um problema, pensar na melhor estratégia antes de executar alguma ação. A como não ter medo e atacar mesmo quando seu oponente é muito maior e mais forte que você. A respeitar seu oponente e nunca o subestimar.

A lutar de maneira justa, dando sempre dar o seu melhor. E não menos importante, ensina a buscar na derrota ensinamentos para evoluir e nunca desistir.

Você tem algum conselho para pessoas que tem a intenção de começar a treinar Kendo?

Conhecer alguns dojos primeiro. Cada dojo tem uma dinâmica diferente e cada sensei tem um método de ensino distinto. Existem pessoas que não se adaptam a determinado Dojo e abandonam o kendo por isso, quando a “culpa” nunca foi do kendo em si. Mas o maior conselho que posso dar para quem decidir de fato a treinar, é persistir. O índice de novatos que desiste é bem elevado, justamente porque percebem que o kendo não é fácil, e talvez “não seja aquilo que pensavam”. É uma arte que demanda dedicação e tempo principalmente.

Se você ainda tem dúvidas e quer buscar uma academia, LEMBRE-SE SEMPRE DE BUSCAR DOJOS FILIADOS A CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE KENDO: CBK

Galera, espero que esse post tenha ajudado vocês a entenderem mais um pouco sobre Kendo. O intuito desse blog é ser informativo e ajuda-los a encontrar “O Caminho da Espada”.

Deixem comentário, sugestões e COMPARTILHEM!!! FAITOOOOOO!!!!

Comments

Comentários:

1 thought on “Kenshis “Gaijins” (kenshis não orientais)

  • Poxa, muito legal ver que quem tem pouco tempo de treino já entende a filosofia da arte. Algumas pessoas treinam muito tempo e nunca sequer refletem sobre oque importa mesmo além de vencer ou praticar.
    Ótima entrevista. Eu mesmo sou um gaijin kenshi tbm haha

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